Você conversa com seu bebê?
Em meus atendimentos clínicos e processos de consultoria sempre busco escutar as famílias e tentar compreender como os pais se comunicam com as crianças pequenas. Normalmente, encontro adultos que não acreditam na capacidade de compreensão dos bebês. Afinal, como aquele “serzinho” que só chora, mama e brinca seria capaz de compreender algo que eu lhe digo verbalmente? Realmente, pode parecer estranho e até ridículo imaginar essa possibilidade.
Como os pais se comunicam normalmente com seus bebês
Assim, o que normalmente vejo são pais que fornecem poucas informações. Por exemplo: saem para trabalhar e retornam agitados, ansiosos e culpados e não dizem nada. Manipulam o corpinho da criança sem pedir licença. Entregam-nas aos cuidados de um terceiro, e também, não falam sobre isso. Por outro lado, em nosso mundo adulto “comum”, se nosso marido sai para trabalhar e não retorna no seu horário de costume, consideramos a situação desagradável e pedimos para que nos comunique, para que nos avise.
Por que precisamos pensar que com nossas crianças seria diferente? Porque temos dificuldades em aceitar que elas também são seres capazes de compreender?
A capacidade de compreensão das crianças pequenas
A chegada de um bebê nos ensina mais do que podemos colocar em palavras. Ensina-nos a acreditar não só naquilo que nossos olhos conseguem comprovar e nos leva a uma conexão em um campo muito mais sutil. Nesse caso, o que peço aos meus clientes/pacientes é que acreditem no que lhes digo ou no que serão capazes de perceber! E normalmente, volto a encontrar adultos atônitos ao constatarem que todos os seres humanos possuem capacidade de compreensão independente da idade que possuem.
Assim, podemos afirmar que o fato da criança não dominar nossa linguagem verbal não significa que ela não seja capaz de nos compreender. Na verdade, ela se torna ainda mais hábil em se conectar com aquilo que expressamos (e principalmente, a mãe).
Como posso me comunicar com meu bebê?
Devemos cultivar o hábito de conversar com as crianças, por menores que sejam. Vamos contar a elas o que acontecerá durante nosso dia. Vamos explicar o que farão em nossa ausência. Seja detalhista, narre as etapas e atividades. Vamos falar sobre como nos sentimos. Se estamos preocupados, ansiosos, diga a ela o motivo. Tenha certeza, ao ouvir de sua mãe o que ela sente, a criança se acalmará. E isso ocorrerá, pois ela será capaz de entender que aquele sentimento não é dela, e sim da mãe.
Dê uma chance á você e à sua criança. Elas merecem nosso respeito e podem ser um grande veículo de aprendizagem para todos
Iara Castro
Psicóloga graduada pela Universidade Federal de MG com especialização em Desenvolvimento de Pessoas pela Fundação Dom Cabral e formação em Consultoria de Sono Materno-Infantil pela IMPI.