Quando estava grávida da Isabella, minha primeira e até o momento, única filha, lembro-me de ter ido a uma consulta com a pediatra, um pouco antes do momento do parto. A função dessa consulta era receber orientações sobre os primeiros dias de vida do recém-nascido, cuidados, vacinas, entre outras. A pediatra foi muito atenciosa e durante nossa conversa fez uma metáfora interessante relativa ao nascimento de um bebê. Ela me disse exatamente assim: “Iara, lembre-se sempre que, após o nascimento, a Isabella se sentirá como se estivesse chegando à Rússia. Tudo será novo para ela: o clima, o ambiente, os sons, a língua, a alimentação, a rotina. Tudo será estranho, diferente e ela vai precisar de tempo até se adaptar”. Saí da consulta com a metáfora na cabeça e, durante as primeiras semanas de pós-parto, sempre me lembrava dela. Mas, o que eu não esperava era que me lembrava daquelas palavras, não apenas ao olhar meu bebê, mas também, ao olhar para mim mesma! A experiência do pós-parto para uma mulher ou a chegada de um filho, também pode ser comparada à mudança para outro país, um país distante, diferente. Essa mulher também precisará de um período de adaptação e terá dificuldades em entender a língua de seu bebê. Ela também sentirá estranheza com a nova rotina de sua vida, com os novos horários e com as atividades completamente diferentes das que realizava antes. Poderá se sentir isolada, sozinha e realizará diversas descobertas surpreendentes nesse período. Essa mulher poderá ter momentos de euforia, felicidade extrema, mas também se sentir estranha, irreconhecível. O pós-parto pode ser vivido assim – como a sua chegada à Rússia – onde tudo terá um novo aroma, um novo gosto, um novo formato e você pode precisar de uma nova referência e um forte círculo de apoio para se adaptar e se sentir inteira novamente. O que gostaria de enfatizar com esse texto é justamente isso. Após a chegada do bebê, todos os olhos se voltam para ele. Todas as visitas, todas as perguntas, toda atenção. Lemos e estudamos sobre os cuidados com o bebê. Buscamos ajuda para esse momento (parceiro, familiares, babás, enfermeiras) ou nos organizamos para a nova rotina. Mas e a mãe? E o pós-parto da mãe? Quem olha por ela para que ela possa olhar para seu filho? Essa é a pergunta que gostaria de lançar hoje! Voce está se preparando para a chegada de seu bebê? Excelente! Mas não menos importante é se preparar para que você esteja bem e amparada para dar a ele o que ele mais precisa: você!