Pesadelos infantis - como lidar?

09/11/2018 Iara Castro

O dia chega ao fim e então, é hora de preparar os pequenos para dormir! A família está reunida e esse deveria ser um momento de prazer, relaxamento e restauração de energias. Porém, muitas crianças e, também seus pais, sofrem com os famosos “pesadelos infantis”.

Mas afinal, o que são pesadelos? E como ocorrem?

Pesadelos são sonhos – muito assustadores – que despertam e deixam as crianças assustadas e com medo. Como todos os sonhos, eles ocorrem na fase REM do sono e iniciam-se com um enredo normal. Porém, tornam-se assustadores em seu final.

Normalmente, os pesadelos refletem e são causados por conflitos emocionais que surgem na vida da criança quando ela está acordada. São “lutas” usuais do desenvolvimento. Assim, fontes de preocupação ou qualquer coisa que assuste a criança, pode levá-la a ter sonhos ruins. A ansiedade que usualmente produz os pesadelos pode também, levar a criança a ter reações de medo, seja acordada, seja no momento de dormir. E assim, pode interferir em sua habilidade para adormecer ou voltar a dormir.

Estudiosos do sono ainda não conseguiram definir exatamente quando nossas crianças começam a sonhar. Porém, eles garantem que os sonhos vão se tornando mais claros a partir do segundo ano de vida. E junto com eles, a capacidade dos pequenos de descrever aquilo que sonham. 

Como os pesadelos evoluem com a idade?

Dr. Richard Ferber, autoridade americana em questões relacionadas ao sono infantil, descreveu em seu livro Bom Sono (2008), Ed. Celebris – como os pesadelos ocorrem em cada idade. Vamos conhecer o que ele nos diz?

1) Pesadelos em crianças com 1 ano de idade - Possuem conteúdos simples, onde a criança recria ou reexperimenta episódios recentes assustadores. Crianças nessa idade não reconhecem a diferença entre sonhos e realidade. E assim, ao acordar, não percebem que o sonho acabou (que acordou). Portanto, ainda se sentem com medo e ameaçadas.

2) Pesadelos em crianças com 2 anos de idade - Nesta idade os sonhos se tornam mais alegóricos com monstros e animais, por exemplo. Esses representam seus impulsos e medos. Começam a compreender o conceito de sonho, mas ainda não podem avaliar completamente a diferença entre o sonho e a realidade.

À medida que as crianças crescem os sonhos tornam-se mais complexos e elas mais capazes de distinguir entre os sonhos e o mundo real.

3) Pesadelos em crianças com 5 anos de idade – Aos 5 anos a criança já consegue distinguir claramente o sonho da realidade. Mas, depois de um pesadelo ainda se sente afetada.

4) Pesadelos em crianças com 7 anos de idade – Nesta idade a criança já é capaz de lidar com um pesadelo ocasional sem acordar ninguém para ajudá-la. E o número de pesadelos reduz muito. Pois, os conflitos que o geram, muitas vezes, já foram resolvidos.

Atenção pais! Dr. Ferber alerta! Se o seu filho tem entre 7 e 11 anos de idade e ainda tem vários pesadelos por mês, ele pode estar lutando com conflitos não resolvidos ou enfrentando novas situações de estresse em progressão! Observe!

E como posso ajudar meu filho se ele estiver tendo pesadelos?

Como a compreensão da criança em relação aos pesadelos difere com a idade, a forma de ajudá-la também difere de acordo com a faixa etária.

1) Crianças com 2 anos ou menos – Afirmar que “foi só um sonho” não ajuda! Elas ainda não conseguem entender essa diferenciação! O que podemos fazer? Fornecer conforto, aconchego, calma e segurança! Permita que eles se expressem (como conseguem) sobre o sonho e seus medos.

2) Crianças entre 3 e 4 anos – Nesta idade elas já possuem condições de lembrar que estavam apenas dormindo. Apesar disso, devemos sempre tratar o medo com empatia e segurança. Ofereça algo que lhe traga conforto (ex. porta aberta, luz noturna, objeto de apego).

De maneira geral é importante lembrar que quando as crianças acordam de um pesadelo, elas realmente estão assustadas e precisam ser acalmadas e ajudadas. Permita que seu filho expresse seus sentimentos (qualquer que seja sua idade). Se seu filho estiver com medo de voltar a dormir, ajude-o a se sentir seguro novamente.

Mas, fique atento aos limites!

Exigências absurdas como acender todas as luzes da casa, trancar janelas, procurar monstros, não reforçam a segurança da criança. Só reforçam a crença de algo ruim deve realmente ser evitado!

Observe também a frequência dos pesadelos! Sonhos ruins muito frequentes podem sinalizar que algo precisa ser trabalhado durante o dia para ajudar a criança a aliviar sua ansiedade.

Como saber se meu filho realmente teve um pesadelo?

Muitos pais questionam-me sobre a veracidade dos sonhos ruins de seus filhos! Eles afirmam que as crianças relatam pesadelos com muita frequência. E assim, acabam cedendo a todas as suas vontades, com receio de deixá-las inseguras.

E então, o que podemos fazer?

Observe com carinho e cuidado o comportamento de seu filho para diferenciar se ele está usando essa queixa para conseguir o que quer ou se realmente teve um sonho ruim.

Quando ele acorda e não parece assustado, consegue pegar seu ursinho, entra quietinho no seu quarto, te chama baixinho e levemente, podemos imaginar que não há tantos sinais de medo real nessa abordagem. Se a criança não puder descrever o sonho, pode ser outro sinal de que não o teve (observe a idade). Além disso, sonhos assustadores não ocorrem diariamente, observe a frequência da queixa. E ajude-o a pensar sobre isso!