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09/12/2017 Iara Castro

Alguns teóricos em Psicologia defendem que as crianças são seres fusionais. O que eles querem dizer com isso? Que ao nascerem, apesar da separação física que ocorre no momento do parto, os bebês constroem uma fusão psíquica com a mãe e podem permanecer neste estado até os 9 meses de idade (ou mais). Laura Gutman, em seu livro: “A Maternidade e o encontro com a própria sombra”, afirma que como os bebês ainda não começaram a desenvolver seu intelecto, eles mantêm suas capacidades intuitivas, telepáticas, sutis, conectadas à mãe. E que, assim, sentem tudo que a mãe sente e até mais, sentem também o que ela não reconhece em si ou rejeita - o que está em sua sombra.

Enquanto lia esse livro me via pensando sobre o tamanho da responsabilidade que, como mães, carregamos. Pode chegar a assustar pensar que seu filho pode manifestar fisicamente alguma questão relativa aos seus sentimentos, às suas emoções e, principalmente, algo com que você não queira ou não consiga lidar naquele momento. Lembrei-me do meu pós-parto e do primeiro mês de vida da minha filha. Isabella desenvolveu uma dermatite facial bem acentuada e lembro claramente do quanto ela chorava nas sextas-feiras à noite. Lembro também que sexta-feira era o dia de minha maior angústia. Sentia falta da minha rotina anterior ao parto e esse era o dia que antecedia o final de semana (quando não teria nenhuma ajuda ou apoio). Sim, eu estava muito insegura, sentia muito medo, me sentia despreparada. Mas quem assume? Eu me sentia triste e amedrontada quando a sexta-feira começava. E Isabella demonstrava isso em seu comportamento. Essa é uma linha de pensamento, uma forma de encarar a relação entre mãe e filho nesse primeiro momento de vida a dois (ou três). Podemos concordar ou discordar, claro! Mas, de qualquer forma, podemos entender que o que eles querem dizer de maneira geral é que, nos primeiros momentos de vida, o bebê depende exclusivamente de você. E como você está, como se sente, incide diretamente no bem estar do seu filho!

Assim, priorize-se. As visitas no pós-parto muitas vezes são para o bebê e não para a mãe. Mas, na minha visão, para que o bebê seja bem cuidado, bem amado e recebido, o primeiro foco de atenção deve ser você. Já em pensou em você mesma hoje?