Nossos bebês ao nascerem conseguem ficar acordados apenas de 1 a 2 horas antes de se sentirem cansados e com sono novamente. Esse “prazo de validade” chamado de “janela de sono” aumenta à medida que a criança cresce e ganha maturidade. Assim, aos 2 anos, essa criança poderá ficar acordada por até 7 horas (antes de precisar de uma soneca) sentindo-se bem e feliz. Apenas após os 4 ou 5 anos de idade uma criança conseguiria passar o dia todo sem sonecas.

Podemos utilizar a metáfora do tanque de combustível para tentar entender a necessidade de sono diurno de nossas crianças. Vamos imaginar que pela manhã seu filho acorde descansado, com energia, feliz e tranquilo. Á medida que as horas passam o seu “tanque de combustível do sono” vai se esvaziando e, ao se esgotar, a criança precisará parar para reabastecer. Ou seja, dormir uma soneca completa e restauradora. A compreensão dessa necessidade é essencial, pois, muitos pais erram ao permitir que a criança fique muito tempo acordada e ao negligenciar seus sinais de sono. Quando isso ocorre, teremos em nossos braços uma criança exausta, chorosa e infeliz.

Importante destacar que sonecas realmente restauradoras precisam durar no mínimo 40 a 50 minutos, ou seja, um ciclo de sono completo. Isso, a partir dos 3-4 meses de idade, pois antes disso, o padrão de sono ainda é muito imaturo.

O que é o efeito vulcânico?

“Efeito vulcânico” é um termo criado por Elizabeth Pantley em um de seus livros para explicar a “pressão homeostática do sono” (termo científico). Uma criança sem descanso tem sua pressão homeostática acumulada até o final do dia. Essa pressão se intensifica como um vulcão, até que a criança esteja completamente cansada, elétrica e pronta para a explosão. O resultado desse efeito é a dificuldade para adormecer, independentemente, do nível de cansaço.

E por que isso acontece? Por que eles não dormem?

Crianças que “passam do ponto” em relação ao sono apresentam maior dificuldade para adormecer porque o cortisol (hormônio que sinaliza a vigília) é liberado em quantidades maiores quando a pressão do sono se instala e o descanso não ocorre. O cortisol também é conhecido como o hormônio do estresse e impede os efeitos da serotonina e melatonina, responsáveis pelo sono. Assim, quanto mais tempo acordada, mais cortisol em seu organismo a criança terá. Portanto, teremos mais choro, mais irritação e consequentemente, mais cortisol e mais dificuldades para adormecer.

Isso pode parecer curioso, afinal, uma criança exausta deveria adormecer facilmente, correto? Porém, o que vemos na verdade, são crianças extremamente cansadas que lutam arduamente contra o sono.

Quais são os riscos e consequências do efeito vulcânico?

Uma criança que perde sonecas com frequência ou não as realiza na duração adequada, acumula a privação de sono e assim, poderá entrar em efeito vulcânico cada vez mais rapidamente. Sem sonecas, ela possivelmente também terá um sono noturno de pior qualidade e provavelmente, acordará mais cedo pela manhã.

Assim, vemos instaurado um ciclo extremamente perigoso. Afinal, quando a criança não dorme no momento correto, mais dificuldade terá para dormir em seguida.

E o que posso fazer para ajudar meu filho?

A melhor forma de agir é sempre prevenir o efeito vulcânico.

Vamos às dicas?

1) Invista na qualidade das sonecas de seu filho, ajudando-o a tirar sonecas verdadeiramente restauradoras.

2) Esteja atenta aos sinais de sono e respeite o seu “prazo de validade”.

3) Priorize o sono de seu filho e zele para que ele ocorra nos momentos adequados.

Precisamos compreender que nossos filhos sentem um mal estar, mas não conseguem identificar a causa e não sabem que o que sentem é sono. Da mesma forma, eles não conseguem solucionar esse problema sozinhos e precisam de ajuda para aprender a dormir. Acima de tudo, precisam aprender a dormir bem. 

E você? Está precisando de ajuda para apoiar seu filho nesse aprendizado? Leia nossos outros textos sobre sono infantil ou entre em contato comigo, estou à disposição para ajudá-lo.