O papel do parceiro no pós-parto

03/04/2018 Iara Castro

Quando pensamos em pós-parto encontramos diversos conteúdos e relatos que abordam os sentimentos e experiências da mulher durante esse período. É possível ler centenas de artigos sobre depressão pós-parto ou baby blues. Podemos também, nos deparar com dicas e sugestões sobre como lidar com esse momento tão delicado. Aqui mesmo em nosso blog da CoMaternar temos vários textos nesse sentido.

Mas, minha proposta hoje é invertermos o nosso olhar. Não vamos nos limitar à mãe por um momento. Vamos olhar para o parceiro. Esse pode ser o pai, pode ser uma segunda mãe, pode ser uma avó, um avô ou um amigo muito próximo. O parceiro, nesse texto, deverá ser entendido como a segunda peça ativa na parentalidade, ou seja, o segundo cuidador envolvido no processo de atenção para com o bebê recém-chegado.

Vamos pensar sobre o papel do parceiro?

Podemos resumir o papel do parceiro maduro em duas palavras: sustentação emocional! Assim, durante o cumprimento desse papel, ele precisa atuar em duas vias:

1) Apoio e suporte emocional à mãe (o que requer uma postura muito ativa);

2) Apoio a favor da lenta separação entre a mãe e a criança.

Suporte à maternagem

O parceiro quando se dedica a apoiar a mãe na realização de seu papel no pós-parto atua defendendo-a das demandas externas para liberá-la totalmente para a vivência dessa experiência tão intensa.

Sabemos o quanto a mãe e o bebê se fundem nesse período. E para que a mulher possa realmente mergulhar nessa relação ela precisa se sentir protegida e amparada. Assim, o parceiro pode blindá-la dos conselhos alheios e das críticas. E também, das demandas materiais como: atividades da casa, compras, pagamento de contas, etc. Dessa forma, ele libera a mãe da necessidade de se armar e se defender em relação às demandas exteriores.

Além disso, para se tornar um verdadeiro esteio no pós-parto, o parceiro precisa ajudar a mãe recém-nascida a respeitar os novos sentimentos que emergem. E claro, as novas experiências. Nesse papel, ele deve simplesmente estender sua mão, emprestar seu ombro e também, seu sorriso!

Esse é um papel que exige aceitação e amor! É um momento onde devemos evitar questionamentos sobre as decisões maternas e suas intuições. Devemos fortalecer a aceitação, a observação e o respeito!

Parceiro como separador entre a mãe e o bebê

É essencial que a criança, no momento adequado do seu desenvolvimento (por volta dos 3 anos) comece a se desprender emocionalmente da mãe, fortalecendo seu próprio EU. Nesse contexto, o parceiro executa uma função essencial auxiliando a criança nessa separação e construindo com ela uma relação própria e singular. Com esse distanciamento, libera-se a mãe e a criança para recuperarem vivências únicas em separado.

Mas na prática, como o parceiro pode fazer isso? Basicamente, atuar como separador é ajudar essa mãe a reconquistar os momentos destinados para si mesma e suas vontades pessoais. Permitir que ela resgate seus próprios prazeres e exercite suas vontades. Fornecer espaço e segurança para que ela caminhe um pouco em outra direção.

E quando a mulher não possui um parceiro?

Caso a mãe não possua um parceiro ela precisa permitir que algo ou alguém execute esse papel. A tendência feminina é totalmente direcionada à fusão. E, portanto, ela precisa abrir espaço para que algo a auxilie na separação.

Dessa forma, esse papel pode ser realizado também, por uma atividade que a interesse, um trabalho prazeroso, uma tarefa diária e criativa ou qualquer ação que a direciona para o contato com o mundo exterior. E que, portanto, a distancia saudavelmente da criança, ao mesmo tempo em que, a alimenta de satisfação.

Nesse momento, a mãe também sentirá que a criança já está preparada para se voltar para o mundo externo. E assim, sua própria caminhada é essencial para o desenvolvimento saudável de seu filho.