Meu filho não dorme bem, é minha culpa?

26/09/2018 Iara Castro

A maternidade é um terreno fértil para culpas e desculpas. Certamente é. Mas, em alguns momentos, precisamos fazer mais por nós mesmas e abrir mão de carregar o peso do mundo em nossas costas. Transtornos de sono são mais comuns do que imaginamos e, na maior parte das vezes, as causas são comportamentais. Porém, isso não significa que problemas de sono são resultados de cuidados ineficientes dos pais, nem que a criança tenha alguma questão psíquica ou emocional. Ter clareza disso já é um passo dado na solução do problema. Afinal, essas questões aparecem em diferentes famílias, ambientes sociais e faixas etárias. 

Respeito pelas diferença 

Crianças são como nós. São diferentes. E portanto, manifestam essas diferenças também na hora de dormir. Algumas dormem com facilidade e se mantém dormindo dessa forma enquanto crescem. Adaptam-se bem a ambientes diversos, a mudanças e horários diferentes, a situações estressantes. Outras buscam e necessitam de estrutura, rotina regular e repetitiva. São crianças mais sensíveis e precisam de outros tipos de cuidados. Mas, independente do “temperamento” de seu filho, todas as crianças podem dormir bem e são capazes de aprender hábitos mais saudáveis de sono.

Nunca vou me esquecer de um dia em que estava na casa de familiares e, ali na minha frente, via um casal com um bebê (com a mesma idade da minha filha). Estávamos no meio da sala, comendo, conversando alto, rindo e ouvindo música. Em certo momento, a mãe se levantou, pegou o bebê e disse: “-Ah, ele precisa mamar e dormir”... Imediatamente ofereceram a ela um ambiente mais reservado, mas ela disse: “-Que isso, não precisa”. Então, se sentou no sofá, amamentou enquanto conversava e depois, forrou o estofado com uma mantinha e colocou o bebê ali, acordado. O bebê se virou para um lado, depois para o outro, fechou os olhos e DORMIU. Sério, eu não acreditei!  No meio de todo o movimento, o bebê dormiu calmamente. Eu e meu marido nos olhávamos sem acreditar. Vivi essa situação bem antes de iniciar minha formação em Consultoria do Sono. E, em casa, vivia o caos dos 12 despertares por noite e das sonecas de 30 minutos. Colocar minha filha para dormir exigia um ritual e fazer com que ela permanecesse dormindo, também. Quem sou eu para negar que naquele momento me perguntei: “- O que estou fazendo de errado?”. “-Por que não consigo?”. E trouxe para mim um fardo bem pesado de culpas e questionamentos.

Mas, o que posso fazer para lidar melhor com os problemas de sono do meu filho? 

O que posso dizer para mães que se sentem culpadas por algum problema de sono de seu filho:

  • Respire e analise com clareza.
  • Nunca é tarde para aprender - E isso vale para a criança, mas também para os pais.
  • Abra mão da culpa ou da busca por culpados.
  • Persiga soluções.

Mas saiba: não existe fórmula mágica e crianças serão sempre diferentes. Seu filho pode nunca ser capaz de dormir em condições como as que relatei e precisa ser respeitado em suas necessidades. Mas isso não quer dizer que ele não pode dormir bem. E você também!